Palestrante Especialista em Liderança e Gestão

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Networking e o poder das palavras

Não somente o que falamos, mas a maneira como falamos, tem um impacto direto na percepção das pessoas com relação a nós. Por Fabiano Dell Agnollo

Por Fabiano Agnollo

Muito se fala em networking atualmente. O termo, até não muito tempo desconhecido, é assunto em pauta nas mais diversas áreas e a utilização dessa rede de relacionamentos, vai desde a troca de conhecimento até a busca por emprego. Apesar de ser uma técnica bastante antiga o networking ainda tem muito a evoluir.

Uma das principais formas de se fazer ou ampliar o networking é através da conversa, do contato direto, criando uma espécie de relacionamento que abrirá as portas para um contato futuro, assim que surgir uma necessidade ou oportunidade. Diante disso, torna-se imprescindível o domínio no uso das palavras, pois não somente o que falamos, mas a maneira como falamos, tem um impacto direto na percepção das pessoas com relação a nós.

O domínio da “língua”, ou o uso da palavra é tema milenar. Até mesmo na Bíblia podemos encontrar várias citações relacionadas ao controle da língua. Brilhante! Já é de muitos anos o conhecimento do efeito causado por palavras e conversas inadequadas no relacionamento.

Como o networking virou “moda”, é comum ver pessoas afoitas na busca por contatos. E muitos, caem no erro de se preocupar apenas com números. Recentemente, quando numa roda estávamos falando sobre networking, ouvi uma pessoa: “Veja aqui, eu tenho mais de 500 contatos em meu celular...” Ou seja: “Sou muito bom em networking!” - Me coloquei a pensar: Será que é assim mesmo que funciona? E como está a qualidade desse contato? Qual a força desse relacionamento?

A grande sacada é ter a habilidade de fazer com que a rede de relacionamentos trabalhe em nosso favor, e não o contrário. De nada adianta ser muito conhecido e ter uma enorme lista de pessoas a quem possamos contatar, se quando esse relacionamento foi gerado a imagem que deixamos não foi positiva.

Na ânsia de sermos conhecidos, de ampliar nossa rede de contatos, ao “forçarmos a barra” podemos, lamentavelmente, estar prejudicando a qualidade do relacionamento, comprometendo toda a função do networking.

Se não há um assunto em comum que possa ser discutido ou abordado, é melhor nos calarmos a falarmos qualquer coisa em troca do contato. Como disse, creio que Abraham Lincoln: “É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota, do que falar e acabar com a dúvida”. Ou seja, se não estamos seguros do que falar é melhor parar e refletir um pouco antes de disparar besteiras. Não são raras as vezes que perdemos a oportunidade de ficar com o “boca fechada”.

Quando não há o que falar, o erro mais comum é o de rebuscarmos assuntos negativos, reclamar de pequenas coisas que nos incomodaram durante o dia, reclamar do governo, do clima, da sogra, do cachorro... E por aí vai conforme a criatividade. Não atentamos para o detalhe de que somos “criadores de atmosfera”, e que ao falarmos de coisas negativas, estaremos fatalmente criando uma atmosfera ou clima negativo. E isso é muito ruim, pois mesmo que inconscientemente, quando nosso nome for lembrado nossa imagem aparecerá com uma mancha. A grande maioria das pessoas não gosta de estar perto ou de se relacionar com gente negativa. É insuportável estar próximo de quem só reclama, não é?

Então está aí uma dica: Falar sobre idéias, projetos, novas perspectivas, enfim falar de coisas boas ajuda muito na imagem e conseqüentemente na qualidade da rede de contatos.

Além da falta de qualidade daquilo que se fala, há outro caso comum de erro ao falar, que é o falar demais. Algumas pessoas não conseguem de forma alguma ficar quietas por um certo tempo. Precisam dar seu palpite a todo instante. E para qualquer assunto em pauta, têm que contar algum caso, emitir sua opinião, fazer algum julgamento ou comentário. Daí, o que deveria ser algo prazeroso (uma conversa gostosa), passa a ser algo desagradável. Como diz um ditado popular: “Temos duas orelhas e apenas uma boca, para justamente ouvirmos mais do que falamos”.

Portanto é preciso aprender a ouvir mais. E não simplesmente ouvir, mas se interessar pelo que se fala e pela pessoa que está falando. Quem conseguir desenvolver essa habilidade de ouvir mais do que falar estará, com certeza, melhorando sua imagem e carisma. Cada vez mais as pessoas querem ser ouvidas, entendidas. Mas não há quem as ouça. Todos querem falar, sobre tudo, sobre todos, de qualquer forma e a todo tempo. A pergunta é: De que lado vamos nos posicionar?

É claro que não estou dizendo que devemos simplesmente nos calar. Não! Temos que falar, expressar nosso ponto de vista, emitir idéias, interagir, trocar experiências e também aumentar o número de contatos. Lógico! No entanto a forma de se fazer isso deve ser observada atentamente. Pois muito mais importante do que termos uma agenda repleta de contatos, é termos a certeza de que a percepção e o sentimento que as pessoas de contato têm com relação a nós são positivos. E é exatamente isso que fará a grande diferença no momento em que formos utilizar o networking.

Fabiano Dell’ Agnolo - Administrador de Empresas, Analista de Gestão da Qualidade, Alpinista e Palestrante. 

E-mail: equipenotopo@yahoo.com.br



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