Palestrante Especialista em Liderança

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Mate a mosca da mediocridade

Muitas vezes, ao decidir por algo, na verdade estamos decidindo também abrir mão de outras coisas. Por Raúl Candeloro

Por Raúl Candeloro

Tem uma propaganda de carro (ruim, porque não lembro a marca) que mostra dois adolescentes andando no meio do mato. Ao cruzar um pequeno riacho, um deles pergunta para o outro o que encontrariam se subissem pelo rio. O amigo, apressado, responde que por ali não tem nada, é perda de tempo. Logo depois a câmera filmando a cena deixa os dois e sobe pelo rio, chegando a uma cachoeira espetacular. Cachoeira que nenhum dos dois nunca verá nem saberá que existe, simplesmente porque decidiram continuar pela trilha.

Um amigo meu dizia que atalhos são uma enganação, porque se fossem bons mesmos não continuariam atalhos – seriam o caminho principal. Mas a verdade é que de vez em quando precisamos sair da estrada. Mesmo que seja para ver que ali não tem nada mesmo.

Decisões são assim: muitas vezes, ao decidir por algo, na verdade estamos decidindo também abrir mão de outras coisas. Não dá para entrar em todos os caminhos que a vida oferece. Esse é o grande dilema. É aí que a vida fica bonita e interessante. É aí que fugimos do determinismo e podemos utilizar, mesmo que de maneira limitada, nosso livre arbítrio (porque 100% livres nunca seremos – temos nossa genética e educação como acompanhantes eternos, palpitando silenciosamente em todos nossos afazeres).

Decisões realmente importantes significam, geralmente, sacrifícios importantes também. Muita gente demora em decidir porque consegue mensurar melhor a dor da perda do que a possibilidade de ganhos. E por isso não avançam na vida: mesmo vivendo uma vida medíocre, acabam imobilizados e acomodados num ciclo vicioso difícil de quebrar, temerosos do que podem perder. São correntes mentais que todos temos e que devemos lutar constantemente para não sucumbir. Temos que aprender a parar de pensar só nas perdas e pensar no que pode ser ganho, aprendido, ensinado.

De todos os habitantes no mundo, quantos terão a mesma sorte que nós tivemos, de termos saúde quase perfeita, alimentação e água limpa todos os dias, nunca termos sido torturados, podermos nos expressar livremente, votar até no mais incompetente e corrupto dos candidatos, podermos criar planos para o futuro? Somos uma minoria e nem notamos. Reclamamos das coisas mais bobas, não fazemos quase nada para mudar o que é realmente importante, acomodamo-nos numa preguiça medíocre que freia nosso desenvolvimento e nos joga na vala comum da falta de criatividade, falta de iniciativa e resultados sofríveis.

O outro dia passei em frente a uma favela. Pela milésima vez, fiquei constrangido e com raiva, e desta vez mais forte, pois estava a caminho do aeroporto, viajando para fazer meu mestrado. Sinto um desespero silencioso nessas horas: será que estou fazendo tudo o que posso? Será que utilizo 100% do meu potencial? Se somos privilegiados, é nosso dever moral contribuir com o máximo do que nos foi dado. Qualquer coisa menos do que isso pode ser muito confortável, mas constrangedoramente medíocre.

Essa é a grande pergunta hoje em dia. Como fazer realmente a diferença? Como usar ao máximo seu potencial, o da sua equipe, o da sua empresa? Como não ser engolido pela mediocridade, mesmo que bem sucedida nas aparências, ou financeiramente? Mediocridade bem remunerada continua sendo mediocridade, certo?

É um desafio de liderança, com certeza, mas antes de tudo é uma escolha pessoal. Todos os dias escolhemos os caminhos da nossa vida. Pequenos atalhos desimportantes às vezes, outros nem tanto. Mas são nossas escolhas que nos levam inexoravelmente ao caminho final. Não deixe que o caminho seja medíocre. Se perder, que seja lutando com honra, que seja dignamente. Se vencer, que seja com propósito.

Somos complacentes demais. Quer fazer algo de realmente útil na sua vida? Diga chega a algumas coisas (ou basta, como diria o Angelim). O que tem de medíocre na sua vida, rondando como uma mosca chata na feira (parafraseando Nietzsche), que você espanta de vez em quando, sabendo que vai voltar? Olhe em volta – fomos escolhidos! Esta é nossa missão. Seu destino não pode ser o de um enxota moscas. Mate a mosca. Chega de mediocridade.

Raúl Candeloro é palestrante e editor das revistas VendaMais, Crescimento Pessoal & Motivação e Liderança, além de autor dos livros Venda Mais, Correndo Pro Abraço e Criatividade em Vendas. Formado em Administração de Empresas.

Sites www.vendamais.com.br e www.gestaoemvendas.com.br  



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